Por que você deveria começar a levar a sério posições em startups com menos de vinte pessoas
As startups estão na moda. A competição pelas posições de liderança nestas empresas, cresceu na mesma proporção. Talento de primeira linha está abrindo mão de consultoria gringa, bancão e multinacional para ir ver como é trabalhar em startups.
Para você que está cogitando dar o salto: escolher o estágio para entrar é importante. Um olhar de perto nestas empresas, nos mostra um bicho que faz uma metamorfose gigante a cada um ano e meio. Neste artigo, defendo que as pequenas, com menos de 20 pessoas, podem ser a entrada que você está procurando neste universo, principalmente no início da carreira.
Este é um conselho contra-intuitivo: quando as pessoas vêem a si mesmas trabalhando em uma startup, geralmente pensam nas scale ups, com equipes com mais de cem pessoas. Elas já tem um escritório bonito, estão na mídia, o RH já está pronto com um belo esforço de ‘employer branding’. Como toda scale up, elas contratam aos litros e precisam de talento rápido.
Agora você se candidatou e entrou numa scale up com uma função de analista. Você quer progredir rapidamente, afinal este é um dos motivos que te trouxeram para este mundo, não é? Como você é inteligente, você olha para a liderança da organização para entender o que eles fizeram para estar ali.
O que forma a liderança das scale ups
Uma parte vai ser gente que entrou na empresa lá atrás, quando ela ainda tinha menos de vinte pessoas. Os caras que fizeram o negócio acontecer. Para você ser um destes, tem que seguir o meu conselho :-) e entrar em uma startup novinha.
Mas também tem os líderes que vieram mais tarde. Gente que veio assumir liderança com a empresa já grande. Aí você pensa: vou ser um destes. Você espera uma oportunidade no cafezinho, pergunta para o fundador como ele escolhe esses caras e você ouvirá uma palavrinha: ‘track record’.
Isso significa, em termos gerais, que a pessoa já lutou em outras batalhas com uma posição relevante e ganhou. O fundador precisa de gente com ‘track record’ porque a empresa, a esta altura, está contratando em grandes volumes e não vai dar mais tempo de desenvolver talento internamente para as posições de liderança. Neste estágio, os líderes têm que cair correndo. Dúvida? Então olha as descrições de vaga para liderança em scale ups, vai achar isso lá.
Como conseguir o track record?
Se você concorda que precisa do tal ‘track record’, então, como conseguir? Bem, você vai precisar de estar em uma organização que te entregue a liderança em um projeto importante, assumindo o risco de você nunca ter feito nada tão complexo antes. Esse é um problema de ‘Tostines’, em tese, ninguém vai quer te por na liderança de desafio crítico até que você tenha mostrado sucesso em um desafio crítico.
Você pode segurar firme, dando o seu melhor, por alguns anos. Alguém vai acabar te dando uma oportunidade de protagonismo. Vai precisar de sorte e tempo. Talvez você precise trocar de empresa uma vez ou duas até chegar a sua hora. Mas ninguém prometeu que seria fácil, não é mesmo? E gente boa (íntegros, disciplinados e talentosos) acaba sempre encontrando o seu caminho para o sucesso.
A oportunidade escondida
Mas tem um outro lugar mais fácil de criar ‘track record’: as pequenas. Nestas empresas, simplesmente tem mais desafios que pessoas com experiência para resolvê-los. No primeiro dia, vão te dar uma boa oportunidade de ‘track record’. Simples assim. Só tem um problema, a empresa não estará pronta. Vai faltar tudo: processos, recursos, acesso. Vai ser mais difícil. O atalho sempre é uma estrada mais esburacada.
E você precisa ter sucesso, falhar não prova nada. Mas se der certo, você estará pronto para assumir liderança nesta empresa quando ela crescer, ou em outra.
E o risco?
O cético vai dizer que temos, no mínimo, uma escolha equilibrada entre risco versus tempo. Justo.
Mas tem um fator de desempate: na pequena você vai ter tempo dos fundadores. Vai poder trabalhar próximo aos caras. Gente que já está fazendo isto há muito tempo, com outros ciclos nas costas. E eles vão precisar investir muito tempo deles em você. Eles te darão desafios que você não está preparado para vencer e eles precisam que você vença para a empresa deles dar certo.
Esse mesmo cara, que em 2 ou 3 anos vai estar super ocupado, disponível para os novatos apenas em raros momentos, vai estar ali com você batalhando junto por meses. Isso faz muita diferença.
É claro que, para isto funcionar, é importante escolher um time forte, com fundadores experientes e com boas chances de sucesso. Fazer este julgamento é menos difícil do que parece, olhando o time trabalhando junto é possível ter uma boa idéia.
Finalmente, não estamos num jogo de certo e errado. Há várias jornadas de sucesso possíveis. Achei importante, no entanto, levantar a bola para uma opção que acaba sendo um pouco esquecida para os que querem começar a carreira neste tipo de empresas.